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Voar nos anos 70. Perfeição e glamour no ar!

Sem tecnologia digital e com muito glamour. Viajar de avião nos anos 70 é algo que vale muito relembrar

Interior design of 50's Boeing 707 by Walter Dorwin Teague

A década de 70 foi marcada na aviação pelos jatos de quatro motores para as rotas internacionais, com aeronaves produzidas pela Boeing, como o 707 e o DC8, da Douglas Aircraft Company, ambas norte americanas. Com um raio de alcance maior que seus antecessores, empresas aéreas do mundo começaram a adquirir em maior escala essas aeronaves para seus voos intercontinentais, em especial o Boeing 707 que em pouco tempo já se fazia presente nas pistas dos aeroportos ao redor do planeta.

Boeing 707 - Air Portugal Cargo

Apesar de toda tecnologia necessária nos projetos, aeroportos e funcionários de ar e terra foram logo treinados para fazer com que essas máquinas voadoras pudessem atender a toda demanda das malhas aéreas. Para receber os quadrijatos com suas equipes de bordo, passageiros, cargas, serviços de catering (alimentação a bordo) entre todas as outras necessidades, rapidamente os aeroportos passaram por transformações que permitissem uma adaptação aos novos jatos.

Equipamentos como fax, computadores e internet ainda não faziam parte da maioria das empresas, principalmente nos aeroportos e, como os recursos não eram tão avançados, o volume de trabalho era maior, mais demorado, com uma quantidade grande de papéis, desde as passagens até os impressos que deveriam ser preenchidos e entregues na polícia de imigração.

Para os que sempre apreciaram a aviação, o momento era espetacular para assistir as aeronaves, uma vez que a segurança exigia cuidados, mas ainda permitia aos passageiros e frequentadores dos aeroportos estar em terraços que propiciavam acompanhar toda a movimentação, do pouso ao desembarque, do taxi à decolagem.

Outra característica que chamava bastante a atenção nos aeroportos era a grande quantidade de pessoas que acompanhavam os passageiros para embarque, bem como buscá-los nas chegadas. Japoneses, Portugueses, italianos e Espanhóis costumavam comparecer em grande quantidade, afinal, era um grande evento.



No Brasil, dois grandes aeroportos eram bastante requisitados para os voos, principalmente os internacionais. Um deles, o aeroporto de Viracopos em Campinas e, o outro no Rio de Janeiro, conhecido na época como aeroporto do Galeão.

Um voo, por exemplo, entre Viracopos e a Europa teria necessariamente uma escala no Galeão e, muitas vezes também em Recife, o famoso aeroporto dos Guararapes. Num final de tarde em Campinas era possível ver aeronaves estacionadas lado a lado, desde o Boeing 707, equipamento utilizado pelos Transportes Aéreos Portugueses, até o DC8 da SAS, Scandinavian Airlines System.

Douglas Aircraft Company DC-8 | Scandinavian Airlines System (SAS)

Após o check-in, com a devida emissão dos cartões de embarque e despacho de bagagens que giravam em torno de 20 quilos por passageiro, o passo seguinte era fazer na polícia federal o famoso carimbo de saída no passaporte. Detectores de metais e outros recursos de segurança hoje utilizados, não existiam na época. A verificação das bagagens de mão e dos passageiros era toda feita de forma manual, com a famosa técnica de mão no corpo por parte dos agentes aeroportuários. Da sala de embarque os passageiros poderiam seguir a pé até as aeronaves ou, no caso de estarem estacionadas mais distante, o percurso era feito a bordo de ônibus que faziam duas ou três viagens até que todos os passageiros tivessem acesso à escada de embarque. Os Fingers, aqueles túneis que ligam a sala de embarque direto à aeronave, ainda não existiam, então era bastante comum essa movimentação de passageiros e ônibus nos pátios dos aeroportos.

Imagens da série PANAM, ambientada nos anos 60, retrata bem o clima de glamour que envolvia a aviação naquela época.

Uma vez a bordo, os uniformes das comissárias sempre chamavam a atenção. Normalmente eram confeccionados com saias mais curtas, uma moda presente na época, além de chapéus que combinavam com as cores dos uniformes que, por sua vez, combinavam com as cores que a empresa aérea utilizava em suas aeronaves.


Equipe de bordo da Transportes Aéreos Portugueses (TAP).

Os recursos da época não permitiam a escolha do assento antes do embarque. Uma vez a bordo e antes da próxima escala onde outros passageiros também embarcariam, os comissários percorriam os assentos ocupados e na parte superior do encosto espetavam algo parecido com um cartão onde se lia “ocupado”, em português e inglês. Era a maneira de garantir que o passageiro que embarcou primeiro tivesse seu lugar definido, uma vez que nas escalas, por questão de segurança, não era permitido permanecer a bordo.

Para o embarque, todos os procedimentos de vistoria manual eram feitos novamente, inclusive para os passageiros que já tinham embarcado anteriormente no aeroporto onde a aeronave iniciou seu trajeto.

Em termos de entretenimento, pouco era oferecido. Na década de 70 ainda não existiam nas aeronaves telas individuais para filmes e musicais. Acompanhar o trajeto da aeronave como acontece hoje no air show era impossível, mas essa parte era muito bem-feita por parte dos pilotos. Tempos em tempos forneciam as informações sobre localização, altitude, velocidade, condições climáticas e outras curiosidades, como sobrevoar grandes rios ou regiões de fronteira.


Além disso, jornais e revistas eram distribuídos aos adultos. Crianças tinham como opção revistas de pintura e atividades, devidamente acompanhadas de lápis de cor.

Havia também na época a possibilidade de visitar a cabine de pilotos. Olhava-se tudo de forma mais rápida, sem contar muito com eventuais outras informações por parte da tripulação. A demanda do voo era grande, inclusive com presença de engenheiro de voo, não oferecendo muita possibilidade para maiores explicações aos passageiros sobre toda a dinâmica que envolvia a cabine.


Em termos de tempo de voo, não era muito diferente do que ocorre hoje com aeronaves mais modernas. Um percurso de Recife a Lisboa, por exemplo, ocorria nas mesmas seis horas e trinta minutos que hoje faz um A330.


As rotas entre Nova Iorque e Europa costumavam ser feitas sem escalas quando o Boeing 707 era utilizado, mas do Brasil à Europa e Ásia, algumas escalas eram necessárias para reabastecimento e entrada de outros passageiros. A exemplo, TAP, Iberia, Alitalia e Air France normalmente voavam de Campinas até seus países de origem, com escalas no Rio de Janeiro e Recife. Voos da Pan American Airways (PANAM) costumavam fazer escala em Caracas antes de seguirem aos EUA. Já a empresa Aero Peru oferecia um voo de Campinas a Lima, seguindo depois a Los Angeles, Honolulu e Tóquio, com aeronaves DC8. Esse mesmo tipo de equipamento era utilizado pela SAS no percurso Campinas, Rio, Monróvia (Libéria), Estocolmo.


Voar nos anos 70 era bastante diferente do que acontece hoje. Mais horas eram necessárias para se alcançar uma cidade, porém o conforto oferecido com maior espaço entre as poltronas, além de todo o charme que envolvia a época e suas aeronaves, sem dúvida tornava essas viagens bastante memoráveis.


Atualmente, não parece fazer sentido imaginar voos e aeroportos em pleno funcionamento, sem poder contar com os recursos tecnológicos disponíveis. Por outro lado, nos anos 70 as operações ocorriam com uma demanda maior de tempo, mas apesar de uma tecnologia ainda em crescimento, toda logística se dava de forma bastante boa, garantindo segurança, pontualidade bem próximas do desejável e excelentes viagens.

Bagagens de mão com adesivos de várias cidades do mundo, uniformes coloridos e estilizados, passageiros elegantes, aviões de corredor único, decolagens com fumaça escura. Todo charme e muito mais, nas viagens aéreas nos anos 70.


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