O Brasil e suas cartas embaralhadas!
Atualizado: 15 de jul. de 2021
Quanto nos resta de combustível moral?
A política brasileira vive um de seus mais intensos momentos. À beira de atingir seu ápice, falcatruas, propinas, descaso e valentia canina, surgem no prato da balança, em contrapeso com a parte das instituições legislativas, jurídicas, que devem pontuar, conduzir e solucionar esses pesos que ficam nas costas da sociedade como um todo. Não só pesa no bolso do contribuinte, também faz surgir um inconformismo entre ter que arcar com responsabilidades inerentes a qualquer cidadão, assistindo ao inverso disso dentro das esferas públicas, como se ocupar um cargo no baixo, médio ou alto escalão já garantisse, desde o início, isenção ou perdão.
O governo federal vem atacando qualquer parte que não o defenda. Para garantir o jogo, embaralha as cartas a todo instante, sempre reiniciando para o ponto em que ele quer. No alto comando do país, o que se vê é uma criança birrenta que considera jornalistas como gentalha, urnas eletrônicas são vistas como um brinquedo que não lhe interessa mais e, pouco importa se isso fere a democracia conquistada. O voto impresso nesse momento lhe soa como uma cartilha pré-primária, portanto mais adequada à sua visão pueril de mundo e de atitudes.
Estranhamente visto até por muitos de seus eleitores, uma aversão à sua conduta e personalidade tem sido expressa não só nas grandes avenidas do país. Há protestos eclodindo em lugares diversos, desde projeções feitas em importantes marcos do mundo e até em cerimonias como recentemente surgiu, em Cannes.
Nessa conduta de cartas marcadas ou caídas, com revelações que surgem a todo instante, cercadas de envolvidos em negociações terrivelmente atrozes, qual passa a ser o papel dos nossos defensores? Que atitudes e condutas temos visto em prol de garantir a isenção da população em gastos desse porte, tirando-lhe das costas esses pagamentos indevidos, somados à grande falta de educação, de saúde, de empregos, de saneamento?
Uma verdadeira indústria de Fake News dissemina assuntos, vídeos e, a busca pelo filtro se perde no meio do caminho. Para onde olhar? Em quem acreditar?
Embora muitos possam afirmar que o país sempre teve dessas coisas, o que fica difícil de aceitar é o fato que estamos em outro século, onde imperam as necessidades de transparência, responsabilidade e atuação coerente por parte daqueles que ocupam cargos, eleitos ou indicados. A nação está minando diante de situações que geram desânimo, falta de perspectiva e receio para investir e empreender.
Não nos faltam modelos de sociedades mais justas e progressistas. Sabe-se que aquilo que é bom para um país não é necessariamente bom a outro, mas sempre há algo de positivo e sensato para se basear, desde que haja interesse político. Sem contar nossos modelos internos e falidos que necessitam de urgente mudança, como nas licitações, por exemplo. Repaginar, não nos interessa mais.
Certamente esse é um aspecto que precisa ser modificado com urgência, ou seja, interesse político pensado junto ao povo e voltado para ele. O contrário tem nos afetado de forma brutal.
Não há mais lógica ou razão, por isso tanto se perde.
Todo poder político fica sim cercado por um jogo, sabemos disso. É inerente e possível. O que não dá para ser aceito é transformar isso num carteado, onde ouro fica com políticos, paus com o povo, tudo isso numa mescla de ases que, na hora h, tira ou esconde na manga seu trunfo. Paletós são trajes que não combinam com atitudes obscuras. Melhor seria então, não usá-los.
As propostas são sempre retrógradas, insinuam querer voltar num tempo como se fosse possível consertar, lá atrás, aquilo que tem solução clara e evidente hoje, e para hoje.
São vacinas perdidas, seguidas de vidas. São rachadinhas, cheques, malas com dinheiro, ataques, descasos, propostas indecentes, contratos fraudulentos.
Ainda assim, pesquisas de institutos diferentes revelam uma insatisfação bastante grande com relação ao atual governo. Notada desde o começo, somente agora vem atingindo níveis altos de desconfiança e incompetência. Um atraso também na percepção da população, mas compressível diante de séculos com cultura negada, educação de baixa qualidade e desvalorização justificada por meritocracia.
Mas sim, efetivamente sim, que o país aprenda com esses erros em trazer de volta pessoas tão alheias à nossa realidade. Não podemos mais nos dar ao luxo de escolhas tão pífias, ineficientes e desastrosas, cobertas de discursos moralistas, religiosos, soltos ao vento e também presos a amarras que, no final, laçam o povo, tolhem seus direitos, fecham suas bocas, aumentam seus impostos e criam um abismo profundo entre poder e povo.
O país desarrumado em crises, em fome, em mortes e em pontos de vista extremos, não precisa de cartas, nem de trincas, nem de trunfos.
O Brasil precisa urgentemente voltar a ser mais do que um país no mapa.
Precisa cercar seu território das hienas de paletó, deixando-as fora do poder e dentro de seu espaço selvagem. Apenas lá, como a natureza pede.
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