LISTA: 5 filmes sobre a classe trabalhadora
Atualizado: 28 de set. de 2021
O cinema sempre foi uma ótima vitrine para mostrar, apoiar e muitas vezes denunciar os abusos que a classe trabalhadora sofre.
O mundo é assim, trabalhar, trabalhar, trabalhar e no fim morrer, algumas pessoas dedicam toda permanência na terra ao trabalho, de domingo a domingo, para conquistar impérios, outros trabalham para sobreviver, o cinema sempre mostrou isso de uma forma crua e honesta desde Tempos Modernos, a clássica sátira de Charles Chaplin até Roger & Me, documentário de Michael Moore que mostra como o fechamento de uma fábrica do setor automobilístico pode devastar uma cidade inteira. O cinema expõe como trabalhar pode ser dolorosamente necessário, separei então cinco modelos mais recentes e devastadores na mesma proporção.
Norma Rae (Martin Ritt, 1979)
O filme que rendeu o primeiro Oscar de melhor atriz para Sally Field, foi como Norma Rae uma sindicalista, que luta contra o exploratório mercado trabalhista de sua cidade, que abusa das condições intoleráveis de trabalho perante à dependência da pequena população de Hinleyville e sua à indústria têxtil local, um filme essencialmente feminista que mostra como as mulheres sempre tiveram que lutar e serem "mais fortes" que os homens.
Dois Dias, Uma Noite (Jean-Pierre & Luc Dardenne, 2014)
O cinema dos Dardenne sempre foi honesto, em alguns casos até demais e isso nem sempre agradou – eu particularmente não sou muito fã de Dois Dias, Uma Noite –, mas é um filme forte por si próprio.
O filme gira em torno de Sandra (Marion Cotillard), uma mulher que, com a ajuda do seu marido (Fabrizio Rongione), precisam, para manterem seus próprios empregos, convencer os seus colegas da fábrica onde trabalham a desistirem dos bônus que têm direito a receber.
Nomadland (Chloe Zhao, 2020)
Frances McDormand, que interpreta Fern, é uma força da natureza, seu olhar triste, mas que dispensa ajuda, causou tanta emoção, que acabei percebendo que a atriz sempre teve esse poder sobre mim.
Tanto talento acabou em Oscars - melhor filme, direção e atriz - o tom quase documental traz uma realidade maior e necessária ao filme, as entrevistas com depoimentos sinceros que comovem, a linda trilha sonora e a fotografia cinzenta tornam esse um grande filme.
Eu, Daniel Blake (Ken Loach, 2014)
O cinema de Ken Loach sempre foi objetivo de estudos, o diretor é um daqueles que não arreda o pé, ele é a favor da palestina, esquerdista convicto e toda sua obra é centrada em temas sociais.
Daniel Blake, vencedor da Palma de Ouro - a segunda do diretor - é um exemplar de como o sistema não funciona quando se precisa dele. O filme conta a história de Daniel (Dave Johns), que após um acidente de trabalho, precisa dos recursos do governo, pois não consegue mais exercer suas funções profissionais, mas a burocracia...
Você Não Estava Aqui (Ken Loach, 2019)
O soco aqui é ainda mais forte que Daniel Blake, é um filme sensível e que com certeza vai arrancar lágrimas de alguns. Além de falar sobre a precarização das relações de trabalho e da "Uberização" do trabalho, expõe o drama familiar, a falta de tempo e perspectiva, o quanto tudo ao nosso redor é afetado: a saúde, a educação dos filhos, o sono, o relacionamento conjugal etc.
Você Não Estava Aqui é um filme que deveria passar em todas as escolas, uma verdadeira lição sobre a (des)valorização do trabalho.
BÔNUS: A Fábrica de Nada (Pedro Pinho, 2017)
Em uma Portugal atual, que passa por um aprofundado processo de desindustrialização, um grupo de operários são surpreendidos pelo repentino fechamento da fábrica em que trabalham, quando durante a madrugada flagram as máquinas sendo retiradas às escondidas da fábrica.
Para reverter a situação e garantirem a permanência de seus empregos, os operários iniciam uma greve e em busca de seus direitos, pretendem administrar a fábrica por meio de um sistema de autogestão coletiva da massa falida.
Um tema atual e muito bem abordado por um mundo, onde o objetivo é produzir o máximo, com o mínimo de mão de obra possível.
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